quarta-feira, 1 de abril de 2015

Revolta de Canudos

    
Introdução

  O município de Canudos localizado no estado da Bahia (Brasil), mais precisamente no sertão do Cariri, tem sua História marcada na luta pela terra e na religiosidade, dois fatores essenciais para investigação do que fora o movimento  a partir da trajetória de Antônio Conselheiro.

      O Brasil vivia sob o primeiro governo civil pós proclamação da República, Prudente de Moraes era um representante dos paulistas cafeicultores. Dentro deste contexto de mudança de regime, reorganização dos poderes locais, questões relacionadas a perda de espaço da Igreja dentro do Estado, observamos o que ficou conhecido como A Guerra de Canudos.     
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      Durante muito tempo o livro “Os Sertões” de Euclides da Cunha, foi o referencial para entender a história de Canudos e revelou a outra face de um país, muito diferente da parte litoral.
      Como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, Euclides da Cunha foi testemunha da última etapa da guerra. Seus relatos expuseram um país de miseráveis, onde a fome, a pobreza, a falta de saneamento básico contrastava com os ideais da jovem República de progresso e desenvolvimento.
      O nordestino, que da noite para o dia viu a Monarquia desaparecer, pouco percebeu o que de fato significava o “progresso” que o novo regime defendia e que nada simbolizava no dia-a-dia do povo.
      Dentro desta perspectiva, temos a história de Antônio Conselheiro e a formação do arraial de Canudos. Nasceu em 1828, Antônio Vicente Mendes Maciel, Quixeramobim (Ceará). Estudou português, francês e latim; era filho de comerciante mas ainda jovem ficou órfão. Casou-se, lecionou por algum tempo, logo que liquidou a casa comercial, herança do pai. Virou caixeiro-viajante. Sua vida foi marcada pela fuga da esposa com um militar. Passou a perambular pelo interior do nordeste restaurando igrejas e dando conselhos, daí o apelido Conselheiro.
      Em 1893, já tendo alguns seguidores, estabeleceu-se em uma fazenda abandonada chamada Belo Monte, justamente no dia em que os conselheiristas queimaram os editais com as leis do novo regime. A partir de então, Conselheiro passou a ser visto como opositor da República e seus discursos em defesa da Igreja, da monarquia reforçava esta ideia parcial das demandas do movimento. “O ajuntamento em Belo Monte preocupava as autoridades” (HERMANN,p.141)
      O frei João Evangelista vai até Canudos ao encontro com Conselheiro, afirmando que a Igreja condena as revoltas, pedindo para que se submeta as leis da República. Não consegue terminar sua visita, Antônio Conselheiro não aceita a proposta.
     Apesar da falta de documentação segura, o fato que marca a deflagração da primeira expedição contra Canudos acontece a partir do episódio entre os conselheiristas e os comerciantes de Juazeiros, estes, não teriam entregue um carregamento de madeira para o término da nova igreja do arraial. Em bando, os conselheiristas teriam atacado Juazeiro para assaltar. O governador da Bahia pede reforços ao presidente da República. Em 21 de novembro de 1896, os conselheiristas derrotam as tropas
      “E aqui a história de Euclides da Cunha e dos Sertões se encontraram. Após a inacreditável derrota da Terceira Expedição, Canudos passou a ser considerada uma séria ameaça à estabilidade do regime republicano” (HERMANN,p.143)
      O exército partiu para a quarta expedição com a obrigação de derrotar completamente o movimento, em nome de sua honra e da sustentabilidade da República. Os canudenses lutaram em nome de Deus, por sobrevivência, a partir dos limites de sua cultura onde a religião era um meio de comunicação, de manifestação popular, para além do fanatismo puro e simples e por uma ordem que simbolizasse uma razão para submeter-se.

      O resultado foi uma guerra onde morreram mais ou menos 20.000 nordestinos miseráveis.


Conclusão


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      Canudos é considerado o movimento mais estudado dos primeiro período republicano. Ainda hoje desperta o interesse acadêmico, pesquisas, artigos, revistas, músicas, vídeos, muito se falou e se fala de Canudos. Há muito o que estudar, muito a descobrir, a entender.
      Durante o ataque da quarta expedição, todo o arraial foi queimado. Os vestígios deixados pelo movimento teriam que ser apagados. Porém a notícia  foi parar na imprensa internacional  que chamava a guerra de Canudos de fratricida.

      Uma região empobrecida, um novo regime que pouco ou nada representava dentro daquela cultura, onde o poder local estava nas mãos de quem tinha terra, um forte apelo religioso dentro de um contexto de abandono por parte do Estado, em uma República que se consolida. O resultado de tudo isso foi a Guerra de Canudos. 

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