Introdução
O município de Canudos localizado no estado da Bahia (Brasil), mais precisamente no sertão do Cariri, tem sua História marcada na luta pela terra e na religiosidade, dois fatores essenciais para investigação do que fora o movimento a partir da trajetória de Antônio Conselheiro.
O Brasil vivia sob o primeiro governo
civil pós proclamação da República, Prudente de Moraes era um representante dos
paulistas cafeicultores. Dentro deste contexto de mudança de regime,
reorganização dos poderes locais, questões relacionadas a perda de espaço da
Igreja dentro do Estado, observamos o que ficou conhecido como A Guerra de Canudos.
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Durante muito tempo o
livro “Os Sertões” de Euclides da Cunha, foi o referencial para entender a
história de Canudos e revelou a outra face de um país, muito diferente da parte
litoral.
Como correspondente do jornal O Estado de
S. Paulo, Euclides da Cunha foi testemunha da última etapa da guerra. Seus
relatos expuseram um país de miseráveis, onde a fome, a pobreza, a falta de
saneamento básico contrastava com os ideais da jovem República de progresso e
desenvolvimento.
O nordestino, que da noite para o dia viu
a Monarquia desaparecer, pouco percebeu o que de fato significava o “progresso”
que o novo regime defendia e que nada simbolizava no dia-a-dia do povo.
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Em 1893, já tendo alguns seguidores,
estabeleceu-se em uma fazenda abandonada chamada Belo Monte, justamente no dia
em que os conselheiristas queimaram os editais com as leis do novo regime. A
partir de então, Conselheiro passou a ser visto como opositor da República e
seus discursos em defesa da Igreja, da monarquia reforçava esta ideia parcial
das demandas do movimento. “O ajuntamento em Belo Monte preocupava as
autoridades” (HERMANN,p.141)
O frei João Evangelista
vai até Canudos ao encontro com Conselheiro, afirmando que a Igreja condena as
revoltas, pedindo para que se submeta as leis da República. Não consegue
terminar sua visita, Antônio Conselheiro não aceita a proposta.
Apesar da falta de documentação segura, o
fato que marca a deflagração da primeira expedição contra Canudos acontece a
partir do episódio entre os conselheiristas e os comerciantes de Juazeiros,
estes, não teriam entregue um carregamento de madeira para o término da nova
igreja do arraial. Em bando, os conselheiristas teriam atacado Juazeiro para
assaltar. O governador da Bahia pede reforços ao presidente da República. Em 21
de novembro de 1896, os conselheiristas derrotam as tropas
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O exército partiu para a quarta expedição
com a obrigação de derrotar completamente o movimento, em nome de sua honra e
da sustentabilidade da República. Os canudenses lutaram em nome de Deus, por
sobrevivência, a partir dos limites de sua cultura onde a religião era um meio
de comunicação, de manifestação popular, para além do fanatismo puro e simples
e por uma ordem que simbolizasse uma razão para submeter-se.
O resultado foi uma guerra onde morreram
mais ou menos 20.000 nordestinos miseráveis.
Conclusão
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Canudos é considerado o
movimento mais estudado dos primeiro período republicano. Ainda hoje desperta o
interesse acadêmico, pesquisas, artigos, revistas, músicas, vídeos, muito se
falou e se fala de Canudos. Há muito o que estudar, muito a descobrir, a
entender.
Durante o ataque da quarta expedição,
todo o arraial foi queimado. Os vestígios deixados pelo movimento teriam que
ser apagados. Porém a notícia foi parar
na imprensa internacional que chamava a
guerra de Canudos de fratricida.
Uma região empobrecida, um novo regime
que pouco ou nada representava dentro daquela cultura, onde o poder local
estava nas mãos de quem tinha terra, um forte apelo religioso dentro de um
contexto de abandono por parte do Estado, em uma República que se consolida. O
resultado de tudo isso foi a Guerra de Canudos.
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